A resposta positiva dos integrantes da cadeia do turismo com relação ao mercado destoa da maioria dos setores econômicos brasileiros. No Estado do Tocantins, de acordo com a Associação Tocantinense de Turismo Receptivo  (ATTR), no ano passado foi registrado um aumento de pelo menos 30% no fluxo de visitantes. Isso movimenta a economia e gera empregos em diferentes ramos empresariais.

E não é só o setor de receptivo que comemora números positivos. Nas agências de viagens, o volume de vendas também cresceu em 2016. Empresas instaladas no Tocantins registraram aumento de mais de 19% no volume de vendas em relação ao ano anterior.

Um fator determinante, para o crescimento do setor no Estado, conforme os representantes das entidades ouvidas, é o preço do dólar, em alta nos últimos anos. “Quando o dólar está em baixa, o turista brasileiro viaja para fora. Quando está em alta, as viagens são dentro do Brasil. Isso tem nos favorecido”, avalia Fernando Torres, presidente da ATTR.  De acordo com o Ministério do Turismo, os gastos dos brasileiros no exterior caíram 16,48% em relação à 2015.  O acumulado nos 12 meses do ano passado foi de US$ 14,4 bilhões contra US$ 17,35 bilhões do ano anterior.

Mais visitantes

Principal destino dos turistas que visitam o Tocantins, o Jalapão, de acordo com o presidente da ATTR, recebeu em 2016 pelo menos 30 mil visitantes e a expectativa da entidade é de que em 2017 chegue aos 40 mil. Esta expectativa positiva se deve, conforme apontou, a fatores como o aumento no número de empresas operadoras de turismo, bem como o crescimento na rede hoteleira no município de Mateiros. Isso, segundo ele, possibilita a recepção de um número cada vez maior de turistas.

Dados oficiais demonstram que em apenas um dos atrativos do Jalapão, as dunas, houve um aumento de 38,48% no fluxo de turistas no ano passado. Em 2015, entre janeiro e setembro, foi registrada a presença de 8.290 visitantes ao atrativo, enquanto que em 2016, no mesmo período, os registros apontam um total de 11.480 pessoas. Mês de férias e alta temporada no Tocantins, julho é o período que registrou maior número de visitantes às dunas do Jalapão (2.361 em 2015; e 2.590 em 2016).

Hoje, a associação conta com 20 empresas filiadas, porém, em todo o Estado, 79 empresas estão registradas no Casdastur – o Sistema de Cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor do turismo. Conforme a ATTR, algumas destas empresas não estão em operação, mas, ainda assim, é grande o número atuando. Segundo Fernando Torres, apenas na região do Jalapão, existem 42 empresas em operação e, conforme afirmou, há mercado para todas. “Tem competitividade e isso é muito bom para o mercado”, avaliou.

“Viagem dos Sonhos”

Rodolfo Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV-Tocantins), ainda atribui o crescimento do setor de turismo ao fato de as viagens serem parte dos três elementos dos sonhos da população – atrás apenas da aquisição de moradia e carro.  “Se você perguntar a qualquer pessoa quais são os seus desejos de consumo, a imensa maioria dirá que é uma casa, um carro e viajar”.

Além disso, para não se perder no turbilhão da crise, algumas estratégias precisaram ser adotadas, como explica o presidente da Abav. “Os preços dos pacotes de viagem reduziram com relação a anos anteriores. Houve crescimento porque o volume de vendas aumentou, o que compensou a redução dos preços”, lembrou Rodolfo Ferreira.

Perfil do turista

De acordo com a ATTR, 52% dos turistas que visitam o Tocantins vêm de outros estados brasileiros. Mais da metade são do estado de São Paulo. Em seguida, os principais emissores para destinos tocantinenses são Brasília, Rio de Janeiros e Minas Gerais. Depois do Jalapão, o destino turístico mais procurado no Estado é a região da ilha do Bananal/Cantão.

O fluxo de visitantes estrangeiros, conforme a associação, ainda é pouco representativo, muito em função das características que estes turistas buscam quando viajam para o Brasil – em sua maioria, querem visitar as praias. Além disso, na avaliação do presidente da entidade, falta uma política de divulgação dos atrativos, bem como investimentos públicos em infraestrutura para torna-los competitivos.

Cenário nacional

Dados do Ministério do Turismo apontam que em 2016, o ano dos Jogos Olímpicos, o Brasil recebeu número recorde de turistas estrangeiros  - 6,6 milhões de visitantes -, resultando em impacto positivo também na receita cambial do turismo, que representa os gastos dos visitantes estrangeiros no país. Segundo o Ministério, o acumulado em 2016, de cerca de US$ 6,024 bilhões, foi 3% maior em relação ao registrado de janeiro a dezembro de 2015, US$ 5,8 bilhões.

“O turismo tem tudo para ajudar o Brasil a enfrentar a crise, gerando emprego e renda, mas para isso, é preciso promover alguns ajustes no ambiente de negócios e investir em divulgação dos nossos destinos”, defendeu o ministro do Turismo, Marx Beltrão, em publicação do Ministério nessa terça-feira, 24.