Meio Ambiente
Associação de Brigadistas Xerente desenvolve projeto para recuperação de áreas e produção de alimentos
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Em um esforço pioneiro para proteger e revitalizar as Áreas de Proteção Ambiental (APA) da Terra Indígena Xerente, a Associação dos Brigadistas Akwe Xerente de Prevenção e Controle às Queimadas e Combate a Incêndios (Abix), sediada na comunidade da Aldeia Cachoeirinha, desenvolve o projeto "Cerrado Protegido, Território Garantido". A iniciativa tem como objetivo a recuperação de áreas degradadas por pastagens e queimadas, especialmente nas margens de nascentes e córregos, utilizando um sistema inovador de produção agroflorestal irrigado e movido a energia solar.

O projeto, que integra técnicas agroecológicas avançadas, visa garantir a segurança hídrica e alimentar da comunidade, especialmente dos brigadistas Xerente, responsáveis por proteger o território contra incêndios. Por meio do cultivo de alimentos orgânicos, o projeto não só restaurará áreas críticas do Cerrado, mas também proporcionará uma fonte sustentável de alimento para as famílias dos 62 brigadistas que, dia e noite, se revezam nos plantões de combate a incêndios.

A presidente da Associação de Brigadistas Xerente, Ana Shelley Xerente, enfatizou a importância desse projeto para a comunidade: “A produção de alimentos orgânicos será um alicerce para a nossa segurança alimentar. Com isso, não apenas garantimos uma alimentação saudável para as equipes da brigada de incêndio, mas também para as famílias dos nossos brigadistas, homens e mulheres que dedicam suas vidas à proteção do nosso território”, afirma.

Além de restaurar o equilíbrio ambiental das APAs, o projeto também fortalecerá as práticas tradicionais indígenas e a soberania alimentar da comunidade Xerente. Dentre os impactos esperados pelo projetos estão a recuperação de áreas degradadas, com foco nas margens de nascentes e córregos; implementação de um sistema de produção agroflorestal irrigado e sustentável; garantia de segurança hídrica e alimentar para a comunidade Xerente; e produção de alimentos orgânicos para as equipes da brigada de incêndio e suas famílias.

Para Ana Shelley, o projeto "Cerrado Protegido, Território Garantido" representa um passo importante na luta pela preservação do Cerrado e pela autonomia das comunidades indígenas. “É um exemplo de como o conhecimento tradicional e as tecnologias sustentáveis podem se unir em prol de um futuro mais seguro e próspero para todos”, complementa.

Subsistência

A presidente da ABIX ressalta que o projeto é essencial como meio de subsistência do povoado, pois as lavouras de vazante, prática tradicional dos Xerentes, acabou. “A pesca diminuiu e as nascentes nas Terras Indígenas estão secando. Os projetos de agricultura mecanizada, implantados como mitigação dos impactos da usina, deixaram grandes áreas abertas, que hoje estão degradadas, assoreando as águas dos córregos e rios que ali cruzam, deixando-os com baixa vazão”, ressalta. As roças tradicionais estão diminuindo, pois no período de seca, os cultivares não resistem à falta de água e acabam morrendo, resultando na dependência de alimentos industrializados - as cestas básicas. “As queimadas também sempre foram um problema, pois os incêndios florestais todos os anos destroem o cerrado, que também é fonte de alimentos, seja pela caça ou pela coleta de frutos”, conclui.

Público-alvo

O principal público-alvo do projeto é o povo Xerente-AKwe, que ocupa as Terras Indígenas Xerente e Funil, localizadas no município de Tocantínia, que fica a cerca de 70 km de Palmas, capital do Estado do Tocantins. O território fica no Cerrado, às margens do Rio Tocantins, que foi barrado para a instalação da UHE Lajeado.

ABIX

A Abix é uma associação de Brigadistas Indígenas da Terra Indígena Xerente e Funil, composta atualmente por 74 brigadistas, homens e mulheres do povo Xerente. A entidade foi criada em 2014 e atua desde então em parceria com o Ibama, a Funai e outras entidades estaduais e municipais. Desde sua criação, a ABIX tem empreendido esforços para o combate ostensivo das queimadas que são muito frequentes na região e também em projetos de empoderamento aos povos indígenas em áreas como agricultura, agroecologia e cultura.

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